Conto-lhes hoje a história de dois homens que viviam em um só. Digo-lhes suas diferenças e igualdades. Falo de seus anseios, e dito o final da trajetória de dois pra se tornar um e acabar sendo nenhum.
Dom Quixote, batalhador, apaixonado, bravo cavalheiro e muito sonhador VIVIA.
Quixano, cansado, doente, esmurecido, já havia morrido há tempos.
Dom Quixote era um sábio cavalheiro andante, já Quixano era apenas um homem comum e igual a todos os outros.
Dom Quixote era rico, rico de aventuras sedento de glórias, e Quixano não, era apenas pobre, um velho senhor já empobrecido de bens e de alma.
Dom Quixote era NOVO, novo de espirito, novo de si. E Quixano ?! Quixano era velho, um velho e acabado senhor.
As diferenças entre Dom Quixote e Quixano eram muitas, mas a maior igualdade entre eles era de pertencer ao mesmo corpo.
Entre lutas pra viver em uma realidade não existente nosso bravo cavalheiro Dom Quixote viveu. Sonhando, lutando, correndo e indo atrás de seu grande amor DULCINÉIA.
Como ele se dizia ser, e era de tal forma: um Cavalheiro andante. Um cavalheiro apaixonado, movendo mundos encantados por sua dama, indo atrás do que acreditava e pronunciava por ai: - Um cavalheiro sem amor, é como uma árvore sem frutos. E fazia de suas palavras verdades únicas seguidas ao pé da letra.
Mas nosso vilão da história, mesmo morto de si, foi retomando a vida a partir do cansaço de nosso herói. Foi se apoderando pouco a pouco de toda loucura e transformando-a em realidade, fazendo assim nosso aventureiro acordar de um belo sonho. Decepcionado, Quixote ainda em seu último suspiro de glória e de sonho diz preferir a morte do que a realidade. E entrega nas mãos de Quixano seu capacete, sua armadura, roucinante e tudo que restara de um Dom, o Dom Quixote de la Mancha.
Trágico fim pra uma história de loucuras tão bem vividas, tão bem idealizadas. Dom Quixote sim, que era um bom homem. Louco e sonhador. Vivia só de livros, de histórias e anseios.
Viva Dom Quixote de La Mancha, GRANDE HOMEM!
Moral da história: Nem sempre nossos problemas são externos, muitas das vezes somos nós nossos piores pesadelos. Cuidado com sua lucidez, cuidado com sua sensatez. Não se separe de seu eu interior, mas não deixe a loucura nem a certeza tomarem conta dos mesmos espaços.
Ariel Perrone, para todos os Dom Quixotes espalhados no mundo.